Ah, o Fiat 600, ao qual penso que alguns chamavam “Manta 600” em comparação irónica com o Opel Manta 1600.
Eu não gosto de conduzir. É um paradoxo, pois sou um aficionado de automóveis, mas detesto conduzir - e tenho plena consciência das limitações que isto impõe na minha vida pessoal e na minha vida profissional. Talvez eu abrisse uma excepção se tivesse um Mini. Talvez. Só que também é possível que o deixasse estacionado na rua e me limitasse a ir à varanda olhar para ele...
Adoro carros clássicos, adoro este mini, este é o Verdadeiro Mini. De cada vez que vejo este carro, penso sempre no Mr. Bean dentro do seu Mini Verde garrafa é demais..!!
Passou de carro utilitário e económico, ideal para a família de classe trabalhadora fosse ela urbana ou rural, para um artigo de luxo... podia ter evoluído melhor.
Eu próprio já abordei diversas vezes a bizarria de chamar “Mini” a um carro com quase quatro metros de comprimento e apenas um palmo mais curto do que o Golf. [O Mini clássico mede três metros e cinco centímetros. Três metros! O Smart actual mede menos trinta centímetros e pesa mais 300 quilos - e só transporta duas pessoas!] Mas compreendo a abordagem da BMW.
Quando o Mini foi lançado em 1959, a economia e a indústria automóvel estavam, na Europa, ainda longe de recuperadas do impacto da Guerra e a ideia de “pequeno familiar económico” era os micro-carros: os carros-bolha. O Mini, com a margem para inovação que existia, pôde apresentar-se como um produto superior à concorrência. Nos anos 90, apesar das actualizações de motor e outros componentes que foi recebendo, já perdera qualquer competitividade como familiar compacto - mas transformara-se num pequeno citadino razoavelmente popular numa população jovem urbana que exibia tiques de hipster ainda antes de tal palavra se vulgarizar. Fazer o novo Mini como “apenas mais um” familiar compacto, num mercado já saturado de modelos competitivos e sem a margem que Issigonis teve para criar um modelo tecnicamente diferenciado, poderia ter como consequência a diluição do valor que a marca “Mini” foi conquistando ao longo das décadas. Por isso, a BMW optou por lançar o “novo Mini” não como o original se posicionou, mas sim como já se posicionava em 1999: um pequeno citadino urbano para um público-alvo disposto a pagar mais por um objecto de design. O novo Mini, no fim de contas, é a repetição do que foi o novo Carocha. E eu até tenho respeito pelo trabalho feito pela BMW: diz-me quem conduziu ambos que o Mini actual tem um comportamento que faz recordar muito o do original.
Já o novo Carocha foi, na minha opinião, bastante mais desvirtuado: em que mundo irreal se pode imaginar um Carocha com motor à frente?