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até que esgotem
É suposto eu voltar para casa. As travessias para o Seixal estão suspensas. O comboio da ponte sai quase cheio da primeira estação e a partir daí geram-se motins para entrar. Acabei agora de jantar nas Picoas, a fazer tempo para que a confusão se vá escoando e a pensar como isto é agradável fora do expediente. Faço contas às horas que vou conseguir dormir até acordar amanhã às seis. E é neste preciso momento de punhos fechados e maxilares contraídos que a MEO decide enviar-me um email de Boas Festas. Que péssimo sentido de oportunidade...
Foi numa tarde húmida e cinzenta de Outono, faz hoje precisamente dez anos, que os nossos destinos se cruzaram.
Dizer isto agora pode parecer um artifício, mas na altura fiquei logo convencido de que daquela vez seria diferente de tudo o que experimentara antes. Desde então, julgo que não passou um único destes dias sem estarmos juntos. Acompanhou-me na minha vida, apoiou-me no meu trabalho, observou sem deslumbramento as minhas (poucas) virtudes e sem julgamento os meus (não tão poucos) vícios. Ao longo destes dez anos viu-me acreditar em dias que haviam de acontecer, perder-me no breu de poços sem fundo, iludir-me com a possibilidade de segundas oportunidades e aceitar a realidade do que vier a seguir.
Dez anos... dez anos é muito tempo, mais do que muitos casamentos. Não foram um permanente mar de rosas, de forma alguma - mas, quando se arrisca deixar a segurança do que sempre se conheceu, é preciso estar-se disposto a aceitar esses momentos de frustração e a aprender um conjunto de rituais a que não estávamos habituados. E talvez o que vou dizer surpreenda alguns dos que me lêem, neste tempo em que se tende a ver tudo como transitório e descartável e a querer viver uma novidade em cada instante: ao fim destes dez anos, ainda não sinto qualquer necessidade de trocá-lo.
Apple Mac Mini (late 2009 model)
Dez anos... tão novinho que eu era (tão novinhos que nós éramos)...