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até que esgotem
Eu sei que tenho um longo historial de críticas à era Disco, e mantenho-as. Mas também mantenho que não há uma única época musical em que a mediocridade/piroseira não convivam com a genialidade. O New Wave deu-nos Adam And The Ants - mas também nos deu Souvenir dos OMD. O Disco deu-nos, nem sei, tanta coisa horrenda - mas também nos deu Heart Of Glass dos Blondie:
Mas eu só gostava que alguém me explicasse isto: que absoluto mentecapto contrata a sra. Beckinsale para um filme e a põe a falar à americana? Que enormíssimo idiota. Deixem a sra. Kate falar com o seu sotaque, aquele delicioso sotaque que lhe parece deslizar dos lábios e me aquece, enquanto imagino devassidões para as quais estou certo ainda não terem sido inventadas palavras.
É uma daquelas coincidências perfeitamente inócuas mas às quais eu acho piada. Num episódio de House, em que este ia ter um encontro com a Cameron e toda a gente lhe dava conselhos mais ou menos sinceros (e como os conselhos bem intencionados tendem a conduzir ao desastre!), ele diz ao Wilson (Robert Sean Leonard) para não o chatear mais pois já tinha tido outros encontros antes. Wilson respondeu-lhe que "Not ever since Disco died". E eis aqui Robert Sean Leonard, n'Os Últimos Dias Do Disco, a presenciar a sua morte.
Há um artifício que é usado com alguma regularidade na ficção: fazer coincidir um episódio marcante na vida das personagens com um ponto de viragem na História. Quando não é feito com talento e/ou subtileza, fica-me sempre a impressão de uma metáfora demasiado óbvia e forçada. Sou, no entanto, mais benevolente quando o contexto de fundo é a música. Talvez seja porque a música, e em particular o fenómeno pop, tende a marcar a sua época sendo, ao mesmo tempo, resultado dela.
Acho simpática esta ideia de os personagens estarem a entrar na vida adulta, deixando para trás a despreocupação da juventude, enquanto a música que os acompanhou, o Disco com a sua despreocupação hedonista, também se tornava uma outra coisa diferente.