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até que esgotem
A história pode ser contada em poucas palavras. O comandante da Polícia Municipal de Coimbra, Euclides Santos, enviou por correio electrónico uma mensagem natalícia aos funcionários da Câmara - mas essa mensagem tinha a forma de um powerpoint manhoso que combinava votos de boas festas com imagens de senhoras exibindo o trabalho dos seus cirurgiões plásticos. Minutos depois, deu-se conta do sucedido e enviou desculpas - mas o Presidente da Câmara achou por bem suspendê-lo e instaurar um processo disciplinar.
Raras vezes tenho encontrado tão vasto consenso nacional. Da Esquerda à Direita, reina a solidariedade para com o comandante. A Esquerda saliva por poder chamar "puritano direitolas" ao presidente da Câmara, eleito pelo PSD. A Direita fica satisfeita por se mostrar "progressiva" e liberal: "o que o comandante faz com os amigos não deve ser matéria pública".
Aparentemente, sou uma das quatro pessoas no país que acha muito bem que se suspenda o sr. Comandante.
A mim, não me preocupa nada que o sr. Euclides Santos troque emails picantes (ou mais do que isso) com os seus amigalhaços. Na verdade, pelo contrário: deve ser sinal de se tratar de um "gajo porreiro", com quem seria divertido beber umas imperiais e comer uma caracolada. Aquilo que um detentor de cargos públicos faz na sua privacidade não me interessa para nada - desde que não seja ilegal nem vá contra posições que ele defenda publicamente.
O problema, aqui, é que o powerpoint manhoso não foi enviado pelo sr. Euclides Santos aos seus amigalhaços - foi enviado pelo comandante da Polícia Municipal Euclides Santos, durante o expediente, a todos os funcionários da Câmara. E isto não tem defesa.
É que se o comandante pensava estar na sua conta privada, é mau: acho incorrecto que usasse o horário de trabalho e equipamentos pagos pelo contribuinte para tratar da sua vidinha. Se, pelo contrário, o comandante usava conscientemente a conta de trabalho, pensava estar a enviar um outro ficheiro e enganou-se, é mau pois tal significaria que já tinha usado o computador de trabalho para os seus lazeres pessoais.
Mas é, acima de tudo, uma questão de dignidade institucional que é necessário defender para algumas posições. Que autoridade pode invocar um comandante que envia emails oficiais a desejar "um bom ano com sexo incrivel"?